O casal monogamico não é necessariamente definido pela exclusividade sexual, muitos continuam juntos apesar de traições… o mais importante é a hierarquia entre o casal e os outros amantes (amizades, familia etc): apenas uma pessoa é considerada legitima. Há constante competição para alcançar e conservar o “núcleo casal”.
No entanto, mesmo com a pretensão da segurança e eternidade desses relacionamentos, hoje temos monogamias consecutivas (namoros e casamentos curtos) que deixam pra trás muitos cadáveres afetivos e quebra total de relacionamentos em rede.
- Assim como outros sistemas de controle, a monogamia tambem costuma ser justificada como “natural”, mesmo quando no resto do reino animal não exista como categorizar seres sempre estritamente monogamicos.
A questão do genero binario vem junto no pacote, mas temos diversos casos, como dos amerindios (EUA) em que as comunidades validavam, pelo menos, 5 tipos de generos diferentes em seu grupo. Brigitte também comenta que muitas especies tem individuos que trocam de sexualidade de acordo com a necessidade social do bando.
- O sistema monogamico foi se formando juntamente com o cercamento de terras, controle populacional… a igreja, que já teve ritos iniciaticos de sexo grupal para gerar maior coesão de grupo, passa a perseguir essas práticas e usar seu poder para fortificar o imaginário da família heterosexual patriarcal.
✨ No seculo XX já não temos memória de outras possibilidades.
- Hoje a positivação da exclusividade esta relacionada com os mecanismos do consumo e da publicidade: Produtos exclusivos, férias exclusivas, clubes exclusivos, diplomas exclusivos, bairros exclusivos, assentos exclusivos… o que não passa de propagandas para produtos efêmeros, como também acabam sendo os relacionamentos.
O tabú da fidelidade, encobre algo maior e mais importante que são a responsabilidade ou a co-responsabilidade, o compromisso ou a interdependência em comunidade… O medo da solidão atual não é apenas sobre não ter redes, há pessoas que estão sós no abismo de nossas vidas contemporâneas, não porque não tem companhia, mas porque ninguém se preocupa com elas.
Brigitte acredita que é possível fazer da nossa experiência amorosa coletiva uma ferramenta de transformação política, que distribui os direitos e deveres de forma mais equitativa do que a formação jurídica e reprodutiva da “família tradicional”, essa que não necessariamente forma vínculos de comunidade, mas sim torna facilmente identificável quem pertence a quem, inclusive no quesito de privilégios hereditários ou no que diz respeito às nacionalidades…
- Ela alerta, porém, que romper esse vínculo sexo-afetivo sem abrir outras perspectivas comunitárias também é aventurar-se a solidão que é real no território de desemparo que habitamos de indiferença generalizada…
Na relação poliamorosa, todas as partes se conhecem, sabem da existência umas das outras, por outro lado as redes afetivas não se conformam com o conhecer mas em construir reconhecimento, coletivizando os prazeres e também as dores, tendo o reconhecimento como base da possibilidade de existência comum. Afinal, quando um dos afetos conhece a outra parte, mas não reconhece sua implicação na rede, a rede não existe, só existem
fragmentos..
- Por outro lado, ela reconhece que estamos caminhando para uma sociedade cada vez mais individualizada e ainda androcentrica (pautada no patriarcado, como no caso da ficção das fotos e vídeos de mulheres feitas para “servir” O prazer de “um” só homem) pautada no desenvolvimento de tecnologias que tornam até mesmo o prazer em algo virtual, nos afastando cada vez mais da real intimidade e vulnerabilidade do afeto, nos aproximando cada vez mais de um sistema altamente controlador, cada vez mais preditivo e opressor, transformando até mesmo nosso prazer em algo limitado e mecânico.
Brigitte Vasallo é uma escritora espanhola conhecida especialmente por sua crítica da islamofobia de género, a denúncia do purplewashinge o homonacionalismo, bem como por sua defesa do poliamor nas relações afetivas. (fonte: wikipedia)
Segue o link para o livro: piensamento monógamo — terror poliamoroso
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