📍 Japão, Tokyo
abrir um software as a service (SaaS) é como abrir uma loja de bairro, mas o endereço é um domínio, a decoração do lugar é o design do site, o produto a ser vendido é uma funcionalidade e o bairro é a internet todinha.
você pode escolher abrir essa loja com uma equipe no balcão ou tocar tudo sozinha. depende da sua grana, do seu tempo e do seu estilo. dá pra contratar gente pra construir e manter o espaço, ou fazer tudo na unha, da reforma à operação diária.
tenho lido sobre SaaS há quase uma década, mas só agora resolvi tentar eu também, talvez porque, com a inteligência artificial, o salto pareça menos arriscado.
e não só criar um software, mas fazer tudo como solopreneur.
aqui algumas lições e referências do que aprendi e tô usando pra esse experimento:
resolver apenas uma dor:
em vez de criar uma plataforma complexa, focar em resolver um único problema real, com uma única funcionalidade clara. a ideia é ter os clientes fiéis da “loja”, ser conhecido como uma lojinha de qualidade. o paul jarvis, no livro company of one diz: empresas não precisam escalar o tempo todo, nem contratar, nem buscar investimento. construir um negócio leve, estável e lucrativo.
a stack não importa:
o andré rafael do origamid (o solopreneur brasileiro mais anônimo dessa internet todinha rs) fala no vídeo de 10 anos da empresa dele (link) que, apesar das constantes mudanças nas tecnologias e ferramentas, os princípios fundamentais do design e da programação permanecem e também o mestre indie hacker Pieter Levels enfatiza muito no livro dele, make:
Não passe um ano aprendendo uma linguagem que você nunca usará. Não terceirize a construção para outras pessoas, isso é uma desvantagem competitiva. Desenvolva apenas a funcionalidade principal. O resto vem depois.
não ter plano gratuíto:
solopreneurs não querem milhares de usuários gratuítos e alguns pagos, mas receita real desde o primeiro cliente. tirar o plano gratuito trás usuários que estão afim de usar o produto e a chance é maior do negócio sersustentável desde o início. o Marc Lou que também da três alternativas do que fazer.
- oferececr um trial com tempo limitado.
- mostrar o valor do produto com uma demo interativa.
- ter uma política de reembolso clara.
sem reuniões, sem prazos:
essa eu preciso de uma certa maturidade no projeto pra testar, mas é teoria do Sahil Lavingia, criador do gumroad. ele também escreveu o livro the minimalist entepreneur e mesmo depois do gumroad virar o que virou ele ainda defende essa lógica do low-cost, MVP-style business.
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essa tem sido mais ou menos a lógica guia desse desafio de criar o SaaS. fazer tudo sozinha tem sido… intenso. e, pra ser sincera, meio entediante. a parte de criar me empolga, mas agora na fase final com testes, detalhes técnicos, burocracias, é muito charo. ás vezes queria ligar pra alguém, dividir decisões, delegar um pedaço ou ter um chefe pra trazer demandas, um time pra compartilhar os desafios…
update da vida nômade
um breve update da vida em tokyo! apesar de ser a maior cidade do mundo e não ter absolutamente nenhuma lixeira – nenhuma! – não tem lixo espalhado em lugar nenhum.
também não vi ninguém morando na rua. e o silêncio, que já tinha me impressionado em hiroshima e kyoto, continua sendo a regra por aqui.
algumas coisas que eu sempre associei a “problemas de cidade grande” são, na verdade, só questões culturais. e acho que é daquelas coisas que “só acredito vendo”, sabe?
bom, fora isso, tendo morado três meses em Nova York no ano passado, tô com a impressão de que tokyo hoje pareece com o que NYC foi um dia, dá pra sentir resquícios fortes da cultura americana das décadas de 60 a 80 incorporada mesmo, no cotidiano.
é quase uma viagem no tempo: as fachadas dos prédios, nos diners à la anos 70, no sorvetinho soft em todo lugar, parece ter saído de um comercial vintage.
no presente, esse futuro meio distópico, tecnologias avançadas misturadas com infraestruturas antigas em um mundo totalmente novo com as pessoas vestidas ou de social com corte dos anos 90 ou de anime modernos, com telões enormes em algumas esquinas enquanto passa um carro tipo monza anos 90… muito interessante.
bom, mas apesar de tudo a vida segue mais ou menos na mesma: yoga no parque, academia, essa semana fui em uma festival de café e feira de orgânicos… vida de cidade grande.



e o foco tá em botar esse SaaS em produção (: em vez de me atropelar com mil frentes tenho tentado focar em poucas ações e sigo firme na proposta: lançar pelo menos um projeto pra entender o processo de ponta a ponta. daí avaliar com clareza: tô sentindo um desconforto por que? é o modelo solo? o produto em si? ou só o peso de estar na reta final sem companhia? não valer o custo-benefício final? pelo menos posso dizer que tentei.