Autor: mica

  • 👩‍💻 semana 5 | 29 de maio a 04 de junho

    📍 Japão, Tokyo

    abrir um software as a service (SaaS) é como abrir uma loja de bairro, mas o endereço é um domínio, a decoração do lugar é o design do site, o produto a ser vendido é uma funcionalidade e o bairro é a internet todinha.

    você pode escolher abrir essa loja com uma equipe no balcão ou tocar tudo sozinha. depende da sua grana, do seu tempo e do seu estilo. dá pra contratar gente pra construir e manter o espaço, ou fazer tudo na unha, da reforma à operação diária.

    tenho lido sobre SaaS há quase uma década, mas só agora resolvi tentar eu também, talvez porque, com a inteligência artificial, o salto pareça menos arriscado.

    e não só criar um software, mas fazer tudo como solopreneur.

    aqui algumas lições e referências do que aprendi e tô usando pra esse experimento:

    resolver apenas uma dor:

    em vez de criar uma plataforma complexa, focar em resolver um único problema real, com uma única funcionalidade clara. a ideia é ter os clientes fiéis da “loja”, ser conhecido como uma lojinha de qualidade. o paul jarvis, no livro company of one diz: empresas não precisam escalar o tempo todo, nem contratar, nem buscar investimento. construir um negócio leve, estável e lucrativo.

    a stack não importa:

    o andré rafael do origamid (o solopreneur brasileiro mais anônimo dessa internet todinha rs) fala no vídeo de 10 anos da empresa dele (link) que, apesar das constantes mudanças nas tecnologias e ferramentas, os princípios fundamentais do design e da programação permanecem e também o mestre indie hacker Pieter Levels enfatiza muito no livro dele, make:

    Não passe um ano aprendendo uma linguagem que você nunca usará. Não terceirize a construção para outras pessoas, isso é uma desvantagem competitiva. Desenvolva apenas a funcionalidade principal. O resto vem depois.

    não ter plano gratuíto:

    solopreneurs não querem milhares de usuários gratuítos e alguns pagos, mas receita real desde o primeiro cliente. tirar o plano gratuito trás usuários que estão afim de usar o produto e a chance é maior do negócio sersustentável desde o início. o Marc Lou que também da três alternativas do que fazer.

    • oferececr um trial com tempo limitado.
    • mostrar o valor do produto com uma demo interativa.
    • ter uma política de reembolso clara.

    sem reuniões, sem prazos:

    essa eu preciso de uma certa maturidade no projeto pra testar, mas é teoria do Sahil Lavingia, criador do gumroad. ele também escreveu o livro the minimalist entepreneur e mesmo depois do gumroad virar o que virou ele ainda defende essa lógica do low-cost, MVP-style business.

    🪷

    essa tem sido mais ou menos a lógica guia desse desafio de criar o SaaS. fazer tudo sozinha tem sido… intenso. e, pra ser sincera, meio entediante. a parte de criar me empolga, mas agora na fase final com testes, detalhes técnicos, burocracias, é muito charo. ás vezes queria ligar pra alguém, dividir decisões, delegar um pedaço ou ter um chefe pra trazer demandas, um time pra compartilhar os desafios…

    update da vida nômade

    um breve update da vida em tokyo! apesar de ser a maior cidade do mundo e não ter absolutamente nenhuma lixeira – nenhuma! – não tem lixo espalhado em lugar nenhum.

    também não vi ninguém morando na rua. e o silêncio, que já tinha me impressionado em hiroshima e kyoto, continua sendo a regra por aqui.

    algumas coisas que eu sempre associei a “problemas de cidade grande” são, na verdade, só questões culturais. e acho que é daquelas coisas que “só acredito vendo”, sabe?

    bom, fora isso, tendo morado três meses em Nova York no ano passado, tô com a impressão de que tokyo hoje pareece com o que NYC foi um dia, dá pra sentir resquícios fortes da cultura americana das décadas de 60 a 80 incorporada mesmo, no cotidiano.

    é quase uma viagem no tempo: as fachadas dos prédios, nos diners à la anos 70, no sorvetinho soft em todo lugar, parece ter saído de um comercial vintage.

    no presente, esse futuro meio distópico, tecnologias avançadas misturadas com infraestruturas antigas em um mundo totalmente novo com as pessoas vestidas ou de social com corte dos anos 90 ou de anime modernos, com telões enormes em algumas esquinas enquanto passa um carro tipo monza anos 90… muito interessante.

    bom, mas apesar de tudo a vida segue mais ou menos na mesma: yoga no parque, academia, essa semana fui em uma festival de café e feira de orgânicos… vida de cidade grande.

    e o foco tá em botar esse SaaS em produção (: em vez de me atropelar com mil frentes tenho tentado focar em poucas ações e sigo firme na proposta: lançar pelo menos um projeto pra entender o processo de ponta a ponta. daí avaliar com clareza: tô sentindo um desconforto por que? é o modelo solo? o produto em si? ou só o peso de estar na reta final sem companhia? não valer o custo-benefício final? pelo menos posso dizer que tentei.

  • ⛓️‍💥 semana 4 | 22 a 28 a de maio

    📍 Japão, Kyoto → Tokyo

    impactada com minhas primeiras horas na maior cidade do mundo, hoje o texto vai ser mais reflexiva sobre se é bom ou ruim sair das redes sociais – semana que vem trago mais novidades sobre o SaaS e pensamentos sobre o trabalho moderno.

    quando alguém faz uma coisa muito sem noção pra você, tente imaginar:
    como a pessoa vê o mundo pra que essa atitude seja algo normal-natural pra ela?

    tokyo, com 37 milhões de habitantes, mas em um país que é uma ilha… é um ótimo lugar pra brincar com esse exercício de imaginação.

    como é o mundo dessas mulheres jovens que se vestem como animes altamente sexualizadas? como é o mundo dessas pessoas (principalmente homens solteiros) que vivem anos no mesmo emprego, vestidos de social a maior parte da semana, com rígida estrutura social na empresa? o que rola nesses universos, o que é aceitável, como se comportar? o que esta em jogo? quão impenetrável é entrar nesse mundo pra qualquer outra pessoa que não um japonês? (isso me lembra um ótimo livro)

    como é o mundo desses turistas que gastam milhares pra chegar aqui e andam pela cidade não só curiosos observando, mas montados como se pra um evento e obstinados numa missão?

    imagine você com suns 70-80 anos ali relaxada vendo uma paisagem no seu país, japão, quando passa um povo super arrumado, alinhados, maquiadas, carregando seus tripés… param, tiram fotos e vão embora.

    são várias camadas invisíveis poderosas do imaginário inacessível se você não tem o contato com a camada digital que guia diferentes estéticas, esses comportamentos…

    é diferente de algumas décadas atrás em que já tinha uma crítica a fotografia, tipo a Susan Sontag (rainha) que dizia que a câmera virou mediadora da experiência real e empobrece nossa relação com o mundo. quando ela diz “hoje, tudo existe para terminar numa foto” acho que ela não imaginava a progressão que isso ia tomar e ainda nem existia uma troca em larga escala possível com isso.

    hoje a gente faz do território um grande estúdio de fotografia, onde cliques em alguns canto especiais, como a estátua da liberdade, por exemplo, da mais chance não só de likes, mas de contatos especiais e parcerias com empresas reais vendendo em escala global. o que rola nesse universo, o que é aceitável, como se comportar? gostaria de participar – quero participar? o que esta em jogo?

    na semana passada estava falando que uma das coisas que quero com esse experimento de 6 meses sem feed, sem redes sociais é, justamente experimentar os prazeres de ser quem eu sou e de ver o mundo e as outras pessoas sem o cabresto da digitalização de tudo, sem a p0rn0grafizaçã0 das redes.

    esse experimento estava até que fácil em kyoto, onde tudo é mais devagar e bucólico, era fácil pensar tipo byung-chul han no seu livro “no enxame” que a hiperexposição digital e a falta de silêncio destroem a contemplação e a vida vira uma vitrine em si mesma.

    mas aqui em tokyo essa contemplação silenciosa não seria só uma romantização das coisas? praticamente tudo ao redor é altamente guiado pelo digital e quase falta uma lacuna de compreensão navegar o mundo sem isso. é quase uma resistência estética e existencial o não-fotografar e o não-postar em alguns lugares. e pra que?

    ultimamente tenho convivido bastante com uma pessoa que só foi ter um smartphone aos 34 anos, mas hoje é completamente guiada pela estética de mundo direcionada pelas redes e ve isso como algo ao seu favor e acho que, realmente ela se diverte com isso e tira proveito, nem digo no aspecto de fazer grana, mas da tal p0rn0grafizaçã0, de ver o mundo á seu prazer tal qual as imagens e vídeos nas redes socais…

    tem mesmo como separar certinho se estamos sendo usados pelos padrões das redes ou se estamos usando eles ao nosso favor? ambas as coisas acontecem ao mesmo tempo e a depender da cidade em que estamos ou qual ramo trabalhamos, qual nosso gênero, classe social, rede de apoio, tudo isso influencia no peso de usar x ser usado.

    mesmo que pareça controverso, em alguma escala, individualmente, talvez isso seja mesmo bom, para algumas meninas-anime, para as turistas-vitrine e, enfim, pras pessoas que aprender a aceitar e usar as redesno geral… mas será que, quando somamos todos esses indivíduos, o efeito coletivo social, ambiental, simbólico, não se torna problemático? e pra que?

  • ⛓️‍💥 semana 3 | 15 a 21 a de maio

    📍 Japão, Kyoto

    li sobre a morte do Pepe Mujica e ouvi três episódios de podcast, esse foi todo “conteúdo” que vi essa semana. estou iluminada já?

    coisa curiosa: me deu muita vontade de criar um podcast, será que é porque é a única mída que consumi? quando assitia youtube queria mais ter um vlog, então pode ser só um desejo de “mimicar” o que vejo. e também muita vontade de me comunicar, não importa o jeito, né.

    quanto da sua rotina e dos seus pensamentos é moldada por likes, stories e timelines? quanto seu olhar no mundo físico é guiado pelo que você viu horas antes no mundo virtual?

    na primeira semana falei um tanto sobre as coisas que acho que posso perder saindo das redes, mas não falei o que acho que posso ganhar, tipo isso de reconhecer melhor meus desejos, tirar do espaço mental essa parte de mimicar coisas aleatórias que nem eu sei quais são que vão aparecer no feed.

    mas antes, quero enaltecer essa calça nova que comprei com o caimento era perfeito meio *post-apocalyptic b!tch vibes* num bar-porão que fui ouvir um jazz muito massa outro dia.

    enfim, não é que sou cabeça fraca, é da nossa natureza querer imitar, mesmo que esse desejo aconteça em segundos que a gente nem percebe e muda nosso foco, de novo e de novo.

    quero saber como é olhar pra quem eu sou de forma mais limpa, ver o mundo sem uma camada de percepções que só tem digitalmente como pessoas estéticamente digitalmente modificadas, produtos direcionados pro meu recorte de consumidora, discursos cheios de ganchos pra prender a atenção e cortados pra caber em vídeos de um minuto…

    uma ficção das fotos e vídeos estão conversando diretamente somente com a gente e, no caso dos homens, os algoritmos são mais agressivos e dão mais a sensação androcentrica do mundo, de mulheres serem feitas para “servir” o prazer de “um” só homem. (inclusive esse é um business pras mulheres que querem jogar o jogo – marilyn monroes do mundo moderno)

    como é o prazer sem a camada virtual das coisas?

    sem os corpos exagerados, perfeitamente alinhados, mas também sem os perfis de comida, de viagens, de estilo… como é viver na vulnerabilidade de não saber se um restaurante é bom, se o lugar da viagem tem as atrações mais intensas? e me vestir na intimidade do que to sentindo e vendo ao meu redor?

    como é viver sem a influência direta desse sistema que direciona, controla e prediz?

    viver o prazer do corpo real, não mecânico e algorítmico.

    não acho que vai ser melhor, não estou super-estimando o mundo sem os inputs digitais, só estou me dando uma chance – o luxo? – de ver o mundo sem eles, um pouco, por seis meses só.

    🪷

    voltando pra casa de bike, passamos por um lugar tocando música ao vivo, com gente na frente, coisa rara: kyoto é uma cidade bem silenciosa, tem muita música, sim, especialmente jazz, mas é sempre em lugares bem isolados acusticamente e todo mundo do lado de dentro.

    enfim, foi tudo meio cena de filme, a gente parou no farol da esquina, um olhou pro outro, vamos voltar lá pra ver o que é?! eu tava estacionando a bike ainda, ele foi na frente e conversando com um moço, descobriu que era uma escola de música e, detalhe, o cara era o dono e perguntou se a gente queria tocar alguma coisa.

    foi assim que eu cantei em público pela primeira vez 😂

    meio nervosa, fingindo normalidade, mas foi!

    Screenshot

    no fim, envergonhada que soy, tentei sair sem falar com ninguém, mas o dono veio agradecer, puxar papo, falar de viagem. queria sumir de vergonha, mas depois assistimos a gravação e… não ficou ruim (!) devia ter socializad mais (: tentamos voltar na semana seguinte, mas descobrimos que o evento é sé uma vez ao mês – e mês que vem já vou estar em tokyo, quiçá na koreia.

    ichi-go ichi-e curtir a natureza única, nunca repetível, do momento presente

  • 👩‍💻 semana 2 | 08 a 14 de maio

    📍 Japão, Kyoto

    trabalho perfeito não existe.

    também não existem muitos “trabalhos seguros”, a vida é imprevisível, empregos que não existiam há 100 anos atrás hoje são super bem pagos, funções que eram imprescindíveis 30 anos atrás hoje estão quase obsoletas; a gente nunca vai estar 100 % preparada pra tudo.

    a vida corporativa, o colarinho azul cheio de créditos imobiliários e benefícios de algumas décadas atrás, que antes era um caminho sólido, hoje é extremamente difícil de entrar; não tem pagamentos competitivos com outras oportunidades e é muito fácil de ser mandado embora, cheio de layoffs.

    fora isso, algumas dão home office, mas não dão flexibilidade pra viajar ou algumas têm políticas tão entruncadas que, se você quiser mudar pro interior pra criar seus filhos lá, não dá; mesmo sendo full remoto, você tem que estar na mesma cidade. engessado.

    🪷

    update da vida nômade

    por falar em mobilidade, sobre a vida nômade, essa semana, depois de uma epopeia burocrática japonesa, me matriculei numa academia e comecei oficialmente um treino chamado minimalist fitness program; ter uma estrutura fixa tirou um peso: é só chegar e fazer. menos decisão, mais ação e em menos tempo (!) que é toda a proposta do programa.

    além disso, fui pra cidade do matcha, Uji — foi incrível, tinha até gyoza de matcha, os templos e museus eram maravilhosos, tudo encantador. mesmo sendo meio cheio por ser ponto turístico, deu pra relaxar. entregou tudo o que promete e um pouco mais.

    a cidade é famosa por uma escritora do período Heian (794–1185), Murasaki Shikibu — meio um “Orgulho e Preconceito” japonês, com estética de corte… não parece algo que eu leria, mas tirei foto da estátua dela à beira do rio por motivos de que: me lembrou Oxum, a deusa do rio, versão Japão.

    eu amo passear sozinha, mas esse dia tava acompanhada e, na hora, a gente fez uma piada sobre essa Oxum japonesa e rimos muito até chegar à estação; não lembro mais a besteira… os melhores momentos de passear são quando a gente tá besta de cansado de tanto andar, ver coisa bonita, comer coisa diferente e… ainda tem que voltar pra casa (:

    enfim, semana passada falei muito sobre a parte do desafio de sair das redes sociais; hoje tô falando mais da parte do trabalho.

    minha situação é bem comum: trabalhei em empresas grandes e, graças à credibilidade desses trabalhos, consegui clientes. há alguns anos virei freelancer e hoje posso viajar por aí enquanto trabalho, mas os trabalhos que faço não são minha cara. mudei bastante com os anos e gostaria de direcionar esse aspecto da vida também.

    depois de anos como freela, quero voltar a trabalhar numa empresa grande, porque sinto falta de clientes maiores e times bem estruturados, mas não quero me sentir vulnerável pelos layoffs; então tô construindo esse SaaS porque quero fontes alternativas de renda e, quem sabe, ele também não me abra outras portas interessantes — não só pela grana, mas por construir coisa bacana e com gente legal (:

    é um caminho meio tortuoso, não tem uma trilha super clara a ser seguida, mas não construí isso aos 20 e as coisas não vão ficar melhores aos 40 se não fizer isso agora; então bora carpinar esse mato.

    até semana que vem ( :

  • ⛓️‍💥 semana 1 | 01 a 07 de maio

    📍 Japão, Kyoto

    deletei todas as redes sociais, até o LinkedIn

    é doido como nossa identidade está tão atrelada àquele histórico de imagens e vídeos no Instagram; imaginar tudo indo embora, o conjunto de fotos e comentários e conversas… é uma pequena morte, horas e mais horas dos últimos anos.

    arrependi? ainda não, mas deu medo, sim. medo de sumir. medo de ser esquecida. de não “existir”, de apagar um passado, sei lá, estranho. logo eu que nem posto tanto-tanto-tanto assim (pelo menos não pra padrões brasileiros, acho)…

    sei que minhas fotos e textos estão salvos e que as pessoas que importam continuam comigo, mesmo de longe, mas o sentimento veio mesmo assim. seis meses fora das redes vai dar muita saudade de ver quem eu amo, conhecidos, semi-conhecidos, desconhecidos-interessantes… mas estar 100 % no mundo real e estar 100 % do outro lado do mundo é único também. aliás, tô começando o desafio no Japão, vou passar pela Coreia e vou terminar ele em um outro lugar…

    🪷

    update da vida nômade

    sobre a vida nômade, o ponto alto dos últimos dias foi num lugar pouco turístico, aqui por Kyoto mesmo: fomos assistir a uma cerimônia de acrobacia em cavalos e, vagando pelo bairro ao redor, andando por um parque comum, encontramos um jogo de beisebol rolando e de fundo tinha o castelo de Fushimi!

    ele tá meio abandonado, acho que nem estão reformando, mas tem um jardim bem bonito e deu uma aparência meio distópica de fundo pro jogo.

    voltando à questão das redes, uma coisa é sair quando você é um adolescente ou jovem adulto, cheio de vida social na escola, na faculdade e primeiro emprego; mas depois dos 30 tá todo mundo ocupado, não tem como manter conversas individuais o tempo todo. as redes ajudam — e muito — nesse aspecto, principalmente pra viajantes como eu que encontram outros nômades, também cheios de afazeres; difícil lembrar de todo mundo. a grande questão é: será que o peso dessa manutenção de conexões fragmentadas é maior ou menor do que os outros problemas cognitivos-sociais que as redes trazem?

    🪷

    rolou uma sensação de “nossa, e depois pra voltar?” e as pessoas que gosto de acompanhar somente lá, mas que seria estranho demais puxar assunto no WhatsApp? será que vou querer voltar pra essas meia-relações? será que elas são meias mesmo? elas foram importantes até agora; como sou mais introvertida e tive muitos problemas pessoais que me deixaram mais solitária nos últimos tempos, essas pequenas conversas e indicações aqui e ali moldaram várias coisas na minha vida…

    🪷

    aliás, será que vou emburrecer ou empobrecer meu vocabulário moderno se sair fora por metade de um ano? vou depender das novidades trazidas das pessoas que conheço durante a viagem… aqui em Kyoto tô dividindo apê com mais três pessoas e às quartas vou num coworking que varia o pessoal, mas grande parte deles faz doutorado e nem usa muito as redes sociais mesmo. outro dia passamos o almoço falando sobre a tese de uma mina que estuda elefantes na Índia… sério, ela passou um ano gravando vídeos do comportamento deles e agora tá analisando empatia e outros traços comportamentais deles. incrível 🐘

    🪷

    por fim, e as oportunidades? de ganhar mais dinheiro, de fazer fontes de renda alternativas ou até de transformar meu estilo de vida nômade em conteúdo e ganhar dinheiro com isso? sobre essa questão, muitos outros pensamentos… trago mais tarde.

    🪷

    a real é que não dá pra se comprometer a aprender a nadar sem entrar na água. não dá pra fingir que tá nadando no seco. não dá pra eu fingir que tô fora das redes sociais, vendo como minha mente reage ou o que o mundo tem a oferecer fora delas, se eu substituir o feed de uma pela outra.

    🪷

    a vida é esses trade-offs infinitos. segue uma selfie num cafézinho superfaturado de Kyoto pra não perder o hábito e dar uma aliviada do papo profundo:

    até semana que vem ( :