comecei a ver a série the bear e parei no segundo episódio.
depois alguém me falou que o sétimo episódio da primeira temporada tinha os melhores plano sequência que ela já tinha visto na vida, insistiu pra eu assistir somente até o sétimo episódio da primeira temporada.
então eu vi a série inteira.
o mesmo motivo que me fez parar de ver a série da primeira vez, foi o mesmo motivo que me fez devorar a série até o final:
ela me deixa put4.
primeiro eu não queria me sentir assim.
pô, eu to vivendo minha vida suave e daí ligo um episódio pra me distrair, só trinta minutinhos e quando vejo eu tô nos nervos, na ponta da cadeira, grudada na tela, com vontade de gritar – AAAAA.
cara, como que o Christopher Storer faz isso com a gente?
nunca assisti outra coisa desse diretor, mas quis ir até o fim pra ver até onde ele conseguiria me levar e o porquê.
pra mim, tudo começa com o som, é muito estressante os barulhos de utensílios de cozinha constante no fundo, os diálogos sobrepostos – conversas entrelaçadas e rápidas – e, claro, os gritos, um leve gatilho pra pessoas descendentes de italianos, como eu.
as câmeras com movimentos rápidos e angulações baixas ou estreitas te deixam meio claustrofóbico, são super próximas das pessoas, da pra ver a pele deles poro a poro, com vários close-up também nas mãos, com cores bem chamativas no azul e vermelho, mas com vários cortes nostalgicos mais em tom pastel quando rola uma memória de um personagem.
o tal do sétimo episódio – que na verdade era o sétimo da segunda temporada “Review” – tem um plano-sequência (filmagem sem cortes, a câmera não para, vai seguindo os personagens) de VINTE mi-nu-tos. o diretor é incrível? sim. mas e os atores e produção pra performar essa dança? f0da demais.
a última temporada foi uma voadora no peito, depois de tudo que sabíamos dos personagens, cada episódio foi mais a fundo nas angústia de cada um, obviamente o ep. com o parto Natalie é o mais impactante pra qualquer pessoa com mommy issues (🙋🏼♀️).
o mais especial da série, pra mim, é a complexidade dos personagens – não tem um ali que você ama do começo ao fim, tem os que você odeia e depois vai vendo alguns pontos positivos e vice versa.
são as escolhas técnicas do som e imagem tão pensadas frame a frame que te fazem se conectar com a história, porque elas refletem muito bem os estados mentais dos personagens.
por exemplo, as vezes rola uns momentos de pausa com enquadramentos mais estáticos, parece que ta você e o personagem fazendo numa pausa pra respirar, lidando com tudo o que acabou de rolar freneticamente.
mal posso esperar pra re-assistir em uns 5 anos. 10/10
Vir em junho pro São João no nordeste é 10/10, mas não recomendo estender a viagem pra julho, porque não da pra garantir praia – venta e chove muito aqui no inverno.
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Depois de completar 10 edições da newsletter 🎉 pedi feedbacks e percebi que passo uma vibes mutcho séria, falhando miseravelmente no que já disse uma ou duas vezes: só queria criar um espacinho pra praticar escrita-pra-publicar.
Beleza, tentei isso diversificando os assuntos, antes falava só de yoga e meditação, depois fui pra produtividade, cotidiano e reflexões aleatórias, mas a news ainda continua cansativa longa. Vou aplicar uma nova tática: variar o formato.
Com isso em mente, esse é o quinze (15) coisa, copiado inspirado no 15 things I consumed this week da minha newsletter gringa preferida a maybe baby. Bora lá.
Vamos contar a indicação da newsletter Maybe Maybe como uma coisa já: gosto dessa news porque é sobre porra nenhuma, e mesmo sendo aleatório, quase tudo me interessa – seria essa a descrição da internet como um todo? rs No geral são reflexões de uma 30+ urbana hispter de nova york, me identifico mesmo sendo urbanoide de país pobi – será que todo mundo de cidade grande pensa meio parecido?
O filme “Beginners” do diretor Mike Millers. É de uma sutileza, não só retratar um pai se assumir gay depois de idoso, mas de trazer flashes de como foi a vida dessa mãe que conviveu com esse fantasma a vida toda. Outro ponto alto: tem minha eterna crush, Mélanie Laurent – au revoir shoshana.
A ferramenta SuperMavenque usa inteligência artificial pra te ajudar programar dando sugestões pra completar o código, assim como o corretor de textos completa as mensagens, sabe? Mas ele sugere funções inteiras, é sensacional. Isso na versão gratuíta, a paga é outro nível – fyi 10dol.
Ainda sobre tecnologia, perdi tudo vendo o vídeo do lucas montano tentando aprender Zig, a linguagem de programação que ta pagando melhor no mercado. Cenas reais da vida de programadora, um desmotivacional pra quem ta querendo aprender a programar, talvez.
Esse meme tirando sarro do atentado contra o trump:
Deixei nas ideias e demorei tanto pra postar esse ‘15 coisa’ que agora temos outros infinitos memes, agora sobre as Olimpíadas – que começaram ontem kk Como escolher um, não é mesmo? fonte
No tópico I’m exactly like the other girls, tô namorando esse pincel de maquiagem quatro em um da Guava, parece ótimo pra viajantes que precisam economizar espaço ˜como eu.
Outra coisa meio how I love being a woman, adquiri lookinhos de ginástica numa loja de bairro, tecido mediano e preço accessível, acho que não vai durar mais de um ano, mas fiquei obcecada pelas cores, fiz uma misturinha delas ♥️não sei se a foto representa muito bem as cores risosaqui uma misturinha verde-laranja ♥️ (olha a ativação desse uddiyana bandha que orgulho 💅 fotinha tirada pelo Marcelo no seu shala de ashtanga, recomendo muito a guiança dele)
Tô amando João Pessoa, as praias são lindíssimas e as cores do céu inexplicáveis – aliás as nuvens aqui no nordeste parecem algodão doce, notei isso desde Maceió.Tô apaixonada e já pensei em morar aqui mil vezes. Não só pela praia, mas a vibe de Jampa é demais, tem muito esporte pra fazer e a cena de arte é fortíssima nível São Paulo de diversidade de rolês alternativos culturais, sério. Destaque pro bar da Cléia, aqueles lugares que a gente nem sabe se deveria falar por aí 👀 justamente pra não hypar, gentrificar o rolê, descaracterizar o lugar, sabe?
Por outro lado, um lugar turístico que queria muito que hypasse – tipo que todo sudestino quisesse visitar uma vez na vida- é a hollywood nordestina e os lajedos ao seu redor. Um rolê turístico sensacional – vc pode ver tudo com detalhe em algum tiktok de viagem mais próximo. E vale comentar que a região não é só palco de filmes e séries da Rede Globo e Disney, mas tem produção própria.
Resolvi experimentar a carne de sol aqui da Paraíba e não sei se é porque comi pouca carne na vida, mas achei a delícia dos deuses 🥲 comi na versão com queijo qualho e com creme de nata – algo bem local também.
Aliás, esse croissant comi nomeu café preferido da cidade até agora. Achei outros cafés bacanas pra trabalhar, mas geralmente são dentro daqueles conjuntinhos comerciais padronizados, o horror quando junta com a vibe móvel planejado de café de franquia assim… sabe? Tipo, tomei o melhor café com pistache da vida, só que a que custo?! Ele é dentro da loja Track And Field kk o horror, zero vibes. Saudades dos cafézinhos de SP: Takko e PPD especialmente 🥲
Quem me segue no insta sabe que tô obcecada pela ópera da Serra da Capivara, que acontece todo ano em julho. Tá na listinha de coisas pra 2026 quando voltar ao BR – enquanto isso só namoro o insta e anoto no notion os planinhoss.
Cara, eu não conhecia a Lela Brandão kk Gab me mandou um episódio ótimo do podcast dela sobre fazer amizades, a relação da mulher com terceiro lugar e – o que mais me marcou: uma breve reflexão sobre as pessoas acharem que influenciadores são seus amigos de fato, ocuparem esse lugar em suas vidas. Me lembrou muito uma vez que deixei de seguir uma influencer pq ela ficou grávida, uma amiga ficou horrorizada comigo e eu não entendi nada. Assim, muitas camadas, mas no geral, a mulher trabalha com isso: ela quer me vender o estilo de vida dela, se ela vai vender coisa de estilo de vida relacionado a gravidez e eu não quero ser mãe agora, pra que eu vou seguir?! Bom, e dentro disso a Lela trás reflexões sobre a falecida internet anos 2mil – saudades – com suas comunidades que uniam pessoas versus a estrutura segregadora das redes sociais hoje, tudo num tom de podcast pra ouvir fazendo faxina assim, maravilhoso, vc já deve conhecer, mas pra mim Lela foi um achadinho massa, tipo a Halem da news Maybe Baby que comentei ali em cima, 30+ urbana hipster e tal.
Ponto alto do momento: Dicas pra manter o foco?
Baixei o chatgpt e o notion pra desktop e reduzi muito o uso do navegador em sites aleatórios. Acaba que muitas horas do dia eu só fico entre eles e o VSCode. Claro que vira e mexe o chat erra e tenho que dar uma lida nas bibliotecas do Rust os caminhos certinhos, mas já é uma reduzida boa.
E você, tem dicas de como não se distrair com a internet inteirinha quando vc precisa só de uma parte dela pra trabalhar?
obs – mais algumas considerações sobre o meta verso dessa newsletter:
Essa news tinha inicialmente o nome debochado de ‘ritual místico de cura’ porque ia falar só de yoga, mas como resolvi variar os temas e tudo tem um caráter experimental aqui, mudei para ‘começo na segunda’, porém nem eu me identificava com isso, nunca deixo nada pra começar na segunda, daí troquei pra ‘cartas da mica’ – as edições agora tem número de carta, o íconezinho e tal 📮
Porém, ‘Cartas da Mica’ ainda me soa um nome meio bocó.
Até porque ta na moda ter nome de newsletter mais cheio de referência tal qual um blog dos anos 2mil.
Tô me sentindo aquelas pessoas meio …….. que elogia tua tatuagem e quando vc pergunta se ela tem alguma, a pessoa diz
– não tenho porque não saberia o que fazer, tenho medo de enjoar ou me arrepender.
O nome da newsletter está exatamente nessa categoria pra mim nesse momento, uma coisa meio e se eu me arrepender e quiser mudar…
Sem conclusão ainda, mas é esse o update sobre a mudança de nomes.
Por outro lado, gostei do nome dessa sessão, quinzecoisa soa muito bem, ainda mais se dito rapidinho, quinzecoisa, muito melhor do que quinze coisas – talvez fique ainda melhor se chamar quinzecoiza. a pensar, o que vc acha?
Outro dia a Ca Fremder viralizou “revidando” um comentário no tiktok e queria enquadrar a resposta, por na parede, mas como não tenho casa vou apenas quotar aqui.
Uma moça mandou “o que vc ta fazendo aqui?! sua velha!” e a diva disse o seguinte:
Passa assim ó, to com 42, querida, amanhã vc ta com 42. Se tudo der certo! Porque você pode morrer. Olha que loucura. E a ideia é ficar velha, entendeu? Porque eu não quero morrer. Então a não ser que você queira morrer, é velho que você vai ser. Entendeu? Se você ainda não entendeu isso, que difícil pra você.
Essa alfinetada inter-geracional internética me deixou pensando sobre a dificuldade que temos em compreender o tempo.
O tempo é apenas uma questão de interpretação, não é uma lei definida, inclusive Einstein acreditava que os conceitos de espaço e tempo são criações livres da inteligência humana.
Todas as culturas tentam fazer sentido desse rio-tempo que parece passar trazendo e levando cada um de nós. A nossa, mais recentemente, tem metrificado ele com relógios de pulso e o google Calendar, que levanta uma notificação na tela pra te lembrar que faz mais 30 dias que você esta namorando ou se passaram mais 365 dias da vida de alguém querido.
…o tempo não é fragmentado, o tempo não é linear. Isso é uma construção da história colonial: “há um passado, há um presente, há um futuro.”
No pensamento africano e de todas, muitas, outras diásporas, o tempo coexiste. Eu não posso estar no presente sem a história do passado. O meu presente é futurista, ultrapassa o presente e está no passado. É uma complexidade de tempos.
Estamos coexistindo aqui nesses tempos todos, com nossas memórias de idades diferentes, somadas aos escritos e conhecimentos de outras épocas.
Isso é lindo e muito complexo de conceber, principalmente pra nós que crescemos nessa ficção linear, achando que necessariamente quem é mais novo tem mais tempo de vida pela frente e que ser promissor – ter essa promessa de vida – é melhor do que de fato o que foi realizado na vida de cada um depois de velho.
Viver sonhando com a juventude ou com o que poderia ter sido – sem nunca pensar que nosso tempo é agora, temendo ficar inválido ou ser descartado na velhice e comparando todos os aspectos da vida com todas as outras pessoas de idades e realidades completamente diferentes… pra mim, isso é em parte resultado da nossa concepção do tempo linear e parece muito duro viver assim.
o envelhecer em diferentes culturas
Aqui no Brasil, a pessoa velha do imaginário coletivo tem como hobby encher as filas preferenciais dos bancos ou pegar o assento pela manhã, te fazendo surfar no ônibus pro trabalho , principalmente se tua linha passa pelos hospitais da cidade.
Isso para as pessoas muito velhas, todas as outras pessoas adultas devem estar em casa cuidando dos filhos ou basicamente trabalhando offline, longe do tiktok. Chato, né? Essas fics só podem gerar uma não-vontade de envelhecer, mesmo.
Outro dia vi que tem um bar nos Estados Unidos que não aceita pessoas com menos de 30 anos, achei o máximo, mas deveria ser totalmente comum, não? A maior parte da vida acontece aí – continuamos fazendo amizades, aprendendo novas coisas, ganhando dinheiro, conhecendo lugares e tocando a vida muito além dos 20.
Na Italia a maioria das pessoas em cafés e barzinhos tem entre uns 40 a 60 anos. Como estão em maioria, deve ser impensável alguém achar que pessoas com aparência-de-adultas-formadas não podem ter lugar de fala ou não tem uma vida promissora.
Mas pra não comparar apenas com países muito mais ricos, quero dizer que quando fui a China foi pior ainda, via velha em todo lugar! Lá elas tem vida ativa, fazem exercício (e dançam!) com amigas no parque (super comum), vão á lugares de transporte público em qualquer horário, trabalham em comércios…
Voltando ao Brasil, outro dia estava no show da Elba Ramalho no maior São João do mundo, em Campina Grande (desculpa, Caruaru), quando ouço dois caras bombadinhos tatuados ao meu lado falando:
Olha a múmia lá
A diva de 72 anos de idade animando uma multidão que eles jamais vão cativar na vida e o comentário dos bonitões é esse… Duvido que eles disseram isso no show de Alceu Valença ou de Geraldo Azevedo.
é possível rejuvenescer ou… não morrer?
Ter a aparência velha não é obviamente horrível, mas um construto social.
Inclusive, alguns países tem como busca de p*rnogr@f!a as mulheres mais velhas – é realmente a preferência, mas na maior parte do mundo pessoas com sacos enrugados são facilmente comprados pela mídia barata, gostam de ver adolescentes fazendo s3x0.
A cultura hegemônica capitalista global esta cada vez mais obcecada por deixar todo mundo com cara de 20 anos – que pra mim foi a pior década da vida, pelo amor de deus, não, por favor não me levem de volta praquele purgatório!
Nós poderíamos deixar o padrão de beleza ali na casa dos 40, o rostinho mais torneado, a musculatura bem desenvolvida de uma pessoa ativa há anos…
E se passarmos a viver até os 100, podemos atualizar os padrões de sexy para os 50 anos. Seria muito mais realista, menos frustrante, mais barato… Que tal?
Claro que isso não vai acontecer, manter esses padrões de beleza que negam a natureza da vida – envelhecer – nada mais é do que um jeito infalível de manter todo um mercado girando.
Estamos dentro da roda, logo, super justificável querer aparentar ser mais novo pra não ser atropelado pelos preconceitos, mas bom lembrar que mesmo que eu me distraia da inevitabilidade de envelhecer colocando um botox preventivo ou qualquer outra m*rda pra ficar mais ou menos nos padrões (esses dias minha obsessão é por bocas carnudas)…
Não tem procedimento estético com garantia de que amanhã vou estar viva.
Quando minhas avós de 90+ contam que pegavam o bonde na garoa e papeavam com as amigas na saída do trabalho ali perto do Mappin, penso que elas tem as mesmas vantagens do que eu de estar vivendo o aqui e o agora, vivas e lúcidas pra passar suas memórias.
Elas tem mais dores? ô! As véia já não tem mais cartilagem nas junta! Mas elas são com certeza sortudas, porque viveram as vidas sem grandes acidentes, estão bem.
Já eu, não sei se vou sofrer um acidente amanhã – deusmelivre – ou se vou poder contar para as gerações futuras quantas outras vezes reformamos o vale do Anhangabaú – elas, tão aí, na contagem!
Talvez essa minha visão amarga forma de ver a vida seja porque quando nova perdi pessoas jovens, meu paidrasto morreu aos 33 anos (minha idade hoje) num acidente de carro – eu tinha 13 – e outro amigo também se foi assim, mas aos 15 anos – percebi logo que a vida longa não é uma certeza, pra ninguém.
No geral, a não ser pelos monges budistas – pique livro do viver e do morrer – a gente nem quer pensar sobre isso. Com razão, quem quer pensar no fim desconhecido?
A obsessão por não-morrer é atemporal (e geralmente esta atrelado a não-envelhecer), a gente quer acreditar que vai transcender a morte, tal qual os yoguis de milhares de anos atrás.
Hoje tem bilionário por aí vendendo vida eterna, a alimentação perfeita, os suplementos, conjunto de exercícios… como aqueles manuais de exercícios corretamente corretos de cem anos atrás que contei outro dia.
Sempre foi assim, mas acho que com as telas piorou.
Nosso mundo externo ta cada vez mais entre telas cheias de imagens de gente jovem jorradas pelos algoritmos, constantemente perdemos a noção do tempo que passou ou de como esta nosso corpo sentado na cadeira enquanto vidrados nas telinhas.
a vida digital
As plataformas digitais nos permitem ter várias “vidas” simultâneas tão reais quanto a vida material, cada uma com sua própria narrativa variada, em vídeos, textos, fotos, memes, áudios em 2x…
Kant achava que nosso conhecimento do mundo é limitado ao que é possível conhecer através de nossa percepção:
espaço e tempo não são realidades físicas independentes, mas sim construções mentais que usamos para organizar nossas experiências e o mundo externo.
E temos organizado as coisas de forma bem diferente de tudo o que já vivemos como humanidade…
Se você não me conhece, prazer, Michelle. Se me conhece, já sabe, Michelle.
Eu viajo o mundo trabalhando como desenvolvedora de sistemas, mas apesar de ser uma techie girl, sempre fui meio amadeu das ideia contra a super digitalização de tudo.
Se você também gosta de meter o pau em quem fica scrollando a timeline no banheiro, mas que, como eu, ta lendo essa newsletter do trono, fica, se inscreva:
Parece meio black mirror mas é real, nossas vidas tem passado mesmo em um tempo diferente que nos faz esquecer onde estamos, quanto tempo passou e quiçá, que estamos envelhecendo ou vamos morrer um dia.
onde estamos?
Outro dia tava falando sobre a gente puxar menos papo com desconhecidos na cidade grande, lembra?
a gente já sabe, já sentiu, que nossa percepção e conexão com o espaço não tem totalmente a ver com estar com o corpo material e fisicamente nesse espaço.
quanto tempo passou?
Vamos juntar com esse outro fato aqui embaixo:
Não sei se já aconteceu com você (rs) ou eu que sou muito esquisita (rs), mas sabe quando a gente ta no telefone e perde totalmente a noção do tempo (rs)? Achava que tava há quinze minutos na tela, mas ta há duas horas e meia (rs)? Então (rs).
a gente já sabe, já sentiu aquilo que a Grada Kilomba falou ali em cima: o tempo não passa de forma linear, nossa percepção dele muda, as vezes parece que o ano passou voando, “as vezes quando to com você o tempo para” 🥹
Isso dá uma percepção de tempo-espaço diferente: com a internet podemos experimentar mais eventos e interações fora dos nossos contextos físicos imediatos, criando uma nova dimensão de realidade.
novos lugares, novos tempos
O espaço e o tempo são parte de uma mistura complexa e multidimensional que compõe a realidade junto com outras coisas como energia, luz, som, calor etc.
John O’Keefe chama isso de “sopa de energia n-dimensional”.
Para interagir com o mundo, os animais – incluindo os humanos – precisam dividir essa “sopa” complexa em partes distintas ou “objetos”.
Isso permite que o hipocampo mapeie os ambientes e possamos identificar, interagir e navegar entre diferentes elementos do nosso ambiente – John ganhou um Nobel com estudos sobre a relação entre o hipocampo, espaço e tempo.
E agora nessa sopa temos o celular.
Ele é um novo objeto que expande nossa capacidade de perceber dimensões antes inacessíveis, ao nos expor a estímulos e ambientes virtuais elaborados que não encontramos no mundo físico – vídeos bem editados, com movimentos e falas pré-pensados, cortes e músicas estratégicos…
quanto tempo demora pra … ?
Quanto tempo e habilidade precisa pra preparar um ramen? No shorts demora 1 minuto, parece fácil. Quanto tempo demora pra aprender a programar? No YouTube tem gente que ensina hoW tO Be A proGrammEr iN 6 MOnThs.
Tudo se resolve digitalmente de forma descontextualizada – nem se ouve mais um álbum inteiro (!!) e a mensagem do artista? (!!) – A gente vai perdendo a noção do tempo que demora pra fazer as coisas.
Buscar fora de nós um padrão do melhor tempo pra fazer algo nega aquilo que sentimos na pele: cada um entra no flow de maneiras e por motivos diferentes.
As vezes rola uns picos de interesse, horas e dias vidrada em construir algo ou solucionar algum mistério e isso não é necessariamente uma neurodivergência, apenas a natureza agindo, em ciclos. O que me faz pensar na relação que a gente vive com o trabalho.
tempo de trabalhar
Ando internalizando aquela crítica de que o trabalho ideal de 40 horas semanais é uma ficção. Metrificae pelo relógio o tempo produtivo é uma relíquia da revolução industrial e só alimenta a narrativa linear, logo só pode gerar uma ansiedade desnecessária e não condiz com a natureza do tempo.
Estou viajando nômadee, ás vezes, ao invés de turistar por aí, trabalho muito mais horas do que costumava fazer em casa. Achei que seria o inverso, mas tenho curtido isso, sabe…
Antes eu chamaria qualquer pessoa assim de c4del!nha corporativa, mas convenhamos que é super comum, quando não estamos trabalhando, passar 2 horas por dia a mais no telefone – o que nada mais é do que ser doadora de dados para grandes corporações.
Ninguém trabalha constantemente numa cadência exata. Há dias que tudo pode ser feito em 4 horas, outras semanas podem ser pra se atualizar, aprender algo difícil…
As horas de trabalho podem ser pra mais ou pra menos, ao longo de uma (te desejo) longa vida – e isso sim é realista, não é uma ficção dos tempos de chão de fábrica.
Fora isso, claramente o trabalho de fábrica é diferente do trabalho de tela, como metrificar as novas camadas complexas de espaço-tempo geradas pelas novas tecnologias?
Tecnologias muito, mas muito mais imersivas dos que as de 200 anos atrás, como os bons livros com boas história que (ainda) nos faz perder a noção do tempo.
O que são 3 horas e 26 minutos vendo tweets? O que são 3 horas e 26 minutos assistindo Assassino da Lua das Flores? Você me diga.
Logo, as coisas levam o tempo que tem que levar – cada um que sente seu próprio tempo.
o tempo pra mulher
Voltando a comentar sobre o mini-ataque no tiktok já pra ir terminando o texto…
Esse evento cabe na questão ali da Elba Ramalho – o tempo passa diferente pra mulher, porque não importa quão f*da a gente se torne, acabamos reduzidas a nossa idade.
Compreensível, afinal fomos criadas no suco de Cinderela, sua madrasta era poderosíssima, mas queria mesmo é a juventude da enteada. Logo, a juventude eterna deveria ser o desejo de toda mulher.
Inclusive, vivemos todas em uma suposta competição eterna entre todas as mulheres – infelizmente, é mais provável que uma menina de 16 anos se sinta ameaçada por uma mulher de 42 e ataque ela chamando de velha (rs) do que se sentir feliz por uma representação feminina na rede, um modelo a ser seguido.
Há diversos homens da idade de Ca Fremder pelo tiktok e duvido muito que recebam esse tipo de comentário. Pelo contrário, devem ser vozes que causam admiração por caras mais novos que – querem ser assim um dia, aliás, o quanto antes!
Esse tipo de mentalidade ta tão arraigado que outro dia vivi ela de forma inesperada:
Tava na estrada, ouvindo um som, vendo a paisagem e comentei com meu amigo que tava sentindo inveja forte de uma moça que conhecemos:
ela faz yoga cotidianamente, está cercada de presenças femininas… duas coisas que me trazem felicidade, andava sentindo falta na viagem e queria conversar com ele que precisava fazer algo em relação a isso.
Geralmente ele é um ótimo ouvinte, nos conhecemos há anos e ele gosta de trocar, mas a primeira coisa que disse foi:
talvez você tenha ficado com inveja porque ela é mais nova.
Nós mulheres estamos sempre, nas camadas profundas de tudo o que se é dito ou pensado socialmente, numa corrida contra o tempo diferente dos homens – esses que podem colocar a cadeira na calçada e ficar apontando pras nossas rugas, enquanto suas barrigas crescem sem ninguém notar.
Por que ele achou que ela era mais nova do que eu? E por que eu teria inveja de alguém com menos idade? Será que ele, chegando nos seus 30, sentia inveja de pessoas mais novas – e tava projetando isso em mim?
Acho que ele não quis dizer algo tipo:
Você ta com inveja porqueela tem mais tempo pra viver do que você 🍃
Provavelmente quis dizer:
Talvez você tenha ficado com inveja porque ela é mais bonita do que você.
Enfim, jamais saberemos sua real intenção… Tava tão entretida em destrinchar a questão do yoga e das amigas que nem problematizei na hora, mas trago aqui como exemplo
O tempo pra mulher tem que passar diferente, e isso permeia nosso imaginário e cotidiano, mulheres tem o seu lugar: as idosas não podem animar shows, as que passaram dos 30 tem que invejar qualquer (suposta) juventude e as que estão além dos 40 não devem se expressar nas redes sociais.
o fim
é isso mig. essas são minhas divagações sobre o tempo ultimamente… viajar por aí sem rumo de novo tem me feito colocar tantas coisas em perspectiva, as vezes sinto
qq to fazeno aqui tenho só 6 anos
muitas questões sem resposta, para as que já tenho algumas opiniões formadas, fica as “conclusões” desse texto:
usar nossas experiências de percepção do tempo para nos lembrar de que a narrativa do tempo linear é uma prisão horrorosa – formar nossa própria concepção do tempo;
eu que devo construir o que é belo dentro de mim, inclusive em relação a beleza s3xual – e jamais dar corda pra homem que ainda não descobriu o poder disso;
o tempo que passo falando com pessoas online é real e tão valioso quanto no cara-a-cara, já que é tempo passando também – o espaço online é diferente do que conhecíamos, mas ela existe e me forma tanto quanto o offline;
viajar, ler histórias de outros tempos, outras culturas e outras realidades sociais nos faz ter certeza de que nunca estamos velhos pra fazer algo que temos condições mentais e físicas pra tentar;
é bom ser uma inspiração para pessoas mais novas ao invés de competir – e é ótimo encarar as pessoas mais velhas como mentoras – e também as mais novas;
experimentar pensar o trabalho no seu tempo e do seu jeito é libertador – mesmo que tenha prazos e metas, mudar a qualidade do pensamento sobre ele;
mais ou menos isso que quis dizer… e uma rajada de fotos que nos fazem notar que não é comum ver fotos de idosos fazendo coisas por aí nas interwebs.
brigada por ler <3
te deixo com uma arte que vi outro dia na estrada indo a Igatu – Bahia:
It’s great to be able to Google and get important answers, like “Who is Bruno Latour?” or “What’s the beef between Elon Musk and Xandão?”, especially when you’re in a group and a curiosity comes up, someone pulls out the powerful weapon from their bag, unlocks it, types avidly “which is more caloric, honey or molasses?” and thus winners are made: those who guessed a hunch before the oracle even confirmed the answer, those who dared to say they know.
None of this is possible when you’re camping for 3 days straight without a signal. Many questions are born already dead, I’ve been experiencing this a lot on the trip. Usually, the doubts go to the limbo of unanswered questions where our ancestors lived.
Offline fun – hard to compete with screen dopamine
Every now and then I do a search when I return to the clouds of information data, but believe it or not, it’s still hard to find some answers on the internet.
If you Google about the origins of yoga, for example, you come across the “yoga sutra of patanjali”, a booklet of phrases (sutras) with hidden meanings like “The yoga posture should be firm and comfortable” or “Yoga is the cessation of the vicissitudes of the mind”. To really understand, it has to be read with separate comments (bhāṣya) or with the accompaniment of a teacher.
The Yoga Sutra of Patanjali is a very beautiful compilation that is worth being read and reread, but it does not specify the earlier schools that gave rise to these lines of deep thought. It describes more the mental and moral aspects of yoga and only mentions seated postures (asanas), it does not go into sequences, cleansings, breaths…
Hatha Yoga as we practice it today is best known for:
Asanas (body postures)
Pranayamas (breathing exercises)
Bandhas (internal physical locks)
Mudras (techniques to “seal” the body)
All to control and increase our mental and physical health or, as it was said a few centuries ago, to preserve the elixir of life, that is, to protect bindu or to elevate kundalini at the base of the spine.
It may seem like a bunch of random techniques with a weird name that anyone can put together and teach a class, but, surprisingly, there is a theory. It’s just not easy to find on Google, but it exists.
Texts of Modern Hatha Yoga
Yoga is ancient, ascetics passed on teachings orally – and still do – long before they were written or even called “yoga”.
Over time they were gradually incorporated into a variety of philosophical lines and, eventually, systematized into works that are today fundamental in the formation of academics and yoga teachers such as the “Gheranda Samhita” and the famous “Hatha Yoga Pradipika” of the 15th century.
However, there is a little-known and even older scripture that is a reference for these texts and so many others as Yogacintamani, Hathapradipikajyotsna, Amaraughaprabodha, Goraksasataka, Goraksayogasastra, Vivekamärtanda, Amaraughaprabodha. The Sivasambitä, for example, took 34 verses from it.
This base text came about 500 years before all of these and is called Amrtasiddhi. The only English translation was published in 2021 (remember we talked about the complexity of these Sanskrit translations in the text on the Bhagavad Ghita?) and there is a module of yogic studies where the author of the book does a reading with analyses and comments, he is a bit wordy, but the text is very interesting.
I’m going to give you a summary of this today – if you’re into yoga, you’re going to make several links in your mind, it’s going to be cool.
The Amrtasiddhi
The text incorporates concepts from Buddhism, Tantra, and Alchemy, much of its teaching is framed in alchemical metaphors, processes used to change substances such as calcination, assimilation, coagulation, etc. always mirroring the alchemical processes of the world within the body.
For example, Bandha is an alchemical samskara that is equivalent to the process in which mercury is stabilized and becomes more resistant to heat. In the practice of mahabandha, the breath is sealed within the body by performing two constrictions, one at the perineum and the other at the throat, and thus the body becomes like a samputa.
In Sanskrit texts on alchemy, there are several types of putas, vessels similar to bowls for performing alchemical operations. A samputa is two putas put together to form a sealed crucible for heating reagents without evaporation.
Beyond these “scientific” references, there are also religious ones.
Another day I was talking about this, remember? Sometimes the speeches are talking about the same thing, but with different terminologies – a shoutout to the Vienna circle.
The important thing is to try to increase our capacity for intelligibility about natural processes to manipulate them in our favor or protect ourselves from those we cannot change – be it a volcano or cancer.
Anyway, the text invokes the goddess Chinnamasta with her symbols, such as the form of an inverted triangle, related to the letter “A” from the ancient Devanagari texts.
Chinnamasta was a Buddhist figure at the time and this representation of the goddess brings the conception that the human body is seen as a vehicle for spiritual realization and union with the divine.
That is, warning and validating through a line of religious thought that comes in this text are bodily practices and not something that denies the body.
Text Structure
Formed by 292 verses divided into 35 vivekas, it was written around the 11th century in a Vajrayana Buddhist environment and the text never ever mentions the word yoga – by the way, out of curiosity, it was most likely the Dattätreyayogasästra, the first to teach similar practices under the name of hatha yoga.
Body Components
The first ten vivekas teach the components of the yogic body, there is a focus on internal sounds (nada) and voids, with references to tantric Buddhist terminology.
There is also a connection between mind and breath, a description that already existed in the upanissads, but here bindu control is added.
It is an innovation of the Amrtasiddhi to use the word bindu for enjoyment and to say that it is like “the amrta dripping from the moon”.
The idea of a moon in the skull dripping amrta is found in many earlier tantric works, but the idea of the sun in the stomach consuming it is new – used to explain why it is necessary to protect enjoyment.
“The sphere of the sun is at the base of the Central Canal, complete with twelve digits, shining with its rays. The lord of creatures (Prajapati), of intense appearance, travels upward to the right. Remaining in the paths in the spaces (akasapatha) in the channels, he permeates the entire body. The sun consumes the lunar secretion, wanders in the sphere of the wind, and burns all bodily constituents in all bodies.”
Other novelties are these principles of a “solar mind” at the base of the central channel of the body, the “lunar mind” at the top of this channel, and the use of fire as a symbol.
Scholars believe in a possible influence of Taoism and the Chinese practices of “Neidan” which is a set of energetic and alchemical practices that seek spiritual and physical immortality, as well as the realization of divine or transcendent nature.
There are also other terms more common to other contemporary texts to explain the functioning of the body, something that today we understand as Ayurveda, such as the manifestation of the material world (Prakrti) being through three gunas (sattva, rajas and tamas) and in the body there are 3 doshas (pitta, kapha and vata).
Mind Control Techniques
At the time, the practice of visualization and mantra chanting related to the god of each energy center (chakra) of the body was common, in the hope of awakening the spiritual and psychological aspects associated with that energy center – transcending the duality between the practitioner and the divinity, achieving spiritual enlightenment.
The Amrthasiddhi criticizes this practice and any other that does not result in the destruction of the three gunas, says that trying to master the mind in this way is useless, comparable to chewing a stone and trying to drink the sky.
It is based on the premise that you cannot be master of your mind through the mind itself and moves on to techniques of breath and body manipulation.
Vivekas 11-13 teach three methods (well known still today) of manipulation of body components:
Mahamudrä (the Great Seal)
Mahäbandha (the Great Block)
Mahāvedha (the Great Perforation)
In the viveka of body description (above) it also includes elements such as the three knots (granthi), Brahma, Vishnu and Rudra (Shiva), which are situated along the central channel of the body and must be perforated by the mahavedha.
To get to this practice, he instructs a clear step-by-step, first Mahamudra (term that is widely used in tantric Buddhism), he describes very clearly a mechanical step-by-step: “press the perineum with the left heel, extend the right foot and hold the breath…”. Then comes Mahadandra: “With legs crossed, do the chin lock and contract the perineum…” and finally Mahavedha…
Viveka 14 teaches the final practice (abbyāsa), that is, how the three methods should be used together. The internal processes provoked by its methods, in particular the movement of the breaths, are described in an unparalleled level of detail in other texts.
Without gurus
Vivekas 15-18 teach the four degrees of practitioners. The text advocates for a self-established (Svadhisthana*) practice, that is, individual, without the need for a guru or master for direct guidance.
It emphasizes the practitioner’s ability to adopt and practice spiritual techniques on their own, using their own determination and internal effort, assuming direct responsibility for their spiritual progress through texts and seeking a deeper understanding of spiritual truths on their own.
This condition is more common in certain tantric Buddhist texts and was not widely disseminated in the lines of hatha yoga, today it is more common for the guidance of an experienced master to be considered essential for spiritual progression.
Curiously, in texts that came after Amrthasiddhi, the term Svadhisthana is more commonly used to name the second chakra.
Finally, the Vivekas 19-33 talk about the four states (avasthäs) arambha, ghata, paricaya, nispanna/nispatti. And the Vivekas 34-35 about the final transformation of the body that leads to nirvana.
Closure
For current generations, it may not be a surprise that the internet is not exactly the best place to find complete and true information, but for people who, like me, saw Google being born and believed that all books would be easily on our screens, it is still a grief to see this melting of the web.
We no longer need to go to the library files, but it is still necessary to dig deep to find richer and more interesting textual sources. The discovery of Amrita Siddhi was very cool for me and I wanted to bring here in Portuguese a summary.
Until what was found today, there were no physical practices related to the manipulation of the subtle energies of the body before it, neither in scriptures nor in statues – but there are always news from the past and history is always being rewritten, who knows if new scriptures do not emerge about the origins of yoga?
Smart Fit subscribers in São Paulo know: it’s perfectly normal to enter and exit the gym without looking at anyone’s face.
For those who come from a small town, I understand that at first, it can be liberating not to share equipment with the son-of-the-bakery-owner-who-betrayed-your-cousin, but after about 2 years it becomes embarrassing not to have anyone to gossip with between repetitions.
On the other hand, we know who the smart fitters from our social networks are.
They are from other units, but they are one of us, even more one of us than those who actually sweat it out on the elliptical next to us, religiously at 17:45 in front of the TV showing “Life is rad” on the off channel.
In the capital, where there is a higher concentration of people per square meter, it seems to require more willingness to interact with those who are in the same space-time as us.
The other day I watched the Argentine film “The Delinquents”, there’s a scene where the people are at a waterfall, a guy passes by them and the crowd starts a conversation. They watch him pass and exchange words. They talk to a stranger, just because he is in the same place.
It didn’t occur to anyone that it would be kind of strange to start a conversation out of the blue. They had something in common: the willingness to go there and enjoy that waterfall, which is a coincidence (!), it’s natural to talk to someone who has something in common. Why can’t it be like this at Smart Fit?
At first, I thought it was a 90s thing – the time when the film is set – there were no cell phones, or AirPods, the way was to be present. But we know that this is a myth:
I think the problem is the big city itself, a different rhythm.
The urbe is f*cked, you see someone with a cool outfit and you don’t stop to talk to the person, but you go on tiktok to search for the trend “Street Style NYC”, check the brands and trends.
In the movie, for example, they exchange information about the bus schedule, which is normal here in the interior of Bahia where I am, but in São Paulo it was easier to check on the cell phone.
Now I was reminded that it’s not a movie thing, but completely common to put into practice this ancestral communication technique: say anything to meet someone, especially if they have things in common with you like frequenting the same places.
There’s nothing wrong with that, it’s not rude and much less inconvenient, I’m here mourning all the friends I didn’t make at Smart Fit. Or not.
Logbook
Finally, let me tell you what I did in this first month of travel.
First, I drove from Sampa to here, me, Gabi, Lua, and Jupiter – Gabi’s two dogs. We made two stops, Montes Claros in Minas Gerais, nothing special, and Candiba, the highlight, we stayed in an incredible Airbnb:
We made a classic “southeasterner” mistake when the host offered to prepare dinner. She asked what we wanted, and we said that any “mineirinha” food would be great – turns out Candiba is already in Bahia, lol.
We should have realized this from the road. In Minas, the reputation matches the reality, the roads are terrible, full of potholes, and poorly signposted…
Once you cross the border into Bahia, the asphalt is good, it’s amazing. But here in the Vale do Capão, where I am in the Chapada, it’s all dirt roads. The EcoSport does the job, but it seems that the Uninho is the local preference, the most appropriate car for the situation.
Our current airbnb is perfect, absolutely beautiful, we even closed for another month right in the alice’s cat scheme: for those who don’t know where they are going, any place will do.
The three main trails we went to here in the Caeté-Açu region were:
Smoke Waterfall (Cachoeira da Fumaça)
Fairy and Gnome Waterfall (Cachoeira Fadas e Doendes)
Clear Waters Trail (Águas Claras)
We did each twice, because now at the end of the month we had visitors – my brother, a great friend of mine, and a friend of Gabi’s – and we wanted to show them the ones we liked the most.
Some sections of difficult trails, group travel logistics, people who don’t know each other, me and Gabi also getting to know each other again after years… There were some tensions, but we all came out unscathed, the greatness of nature is too striking, the biggest memory of all. It was great to be away from home, but to have people around who give me the feeling of home.
A hell of a climb. At least an hour of intense climbing and then an open plain. There’s no cool place to swim, just some points of the river, but it’s after such an intense climb, any water there is great.
At the top we see the waterfall fall, they say it’s the second largest in Brazil and it’s very worth going even when it’s dry, because, if you’re brave, you can walk where the water flows and enjoy a completely different view:
Closed trail, without that big sun in the face. On the way we pass by the Angelica and Purification waterfalls, which are the most visited. Fairy and Gnome is a bit more complicated to get to, but it’s a very cute pool.
On the way back, instead of taking the same path, we climbed up to Gerais, which is a part of the Paty trail – until there, there are a lot of stone jumps along the river, some pools to swim, a natural stone slide and the view is very cool.
My favorite so far, the trail has a beautiful view and is generally flat. The so-called “clear waters” are natural pools, it looks like a little magic garden.
The other day Gabi and I camped there for two days with the dogs and it was really nice, we want to do it again to go up and down the hill anytime.
All these that I mentioned have variations and other sub-trails along the way. In addition to them, we did other smaller ones in the region, also others more distant from caeté-açu/capão, but for today’s newsletter you already got a taste of what it’s like around here 🙂
Especially since I love touring big cities, seeing tall buildings… I’m amazed at the immensity of the natural paradise, it’s been a while since I allowed myself that.
In the delinquents movie, it shows some very cool takes that also portray this smallness of the human being in contrast to the city and nature, very good 10/10, I really recommend it.
Cool Stuff
This wonderful extension of stremio has all kinds of movies – including those from MUBI and Los Delinquentes 😉